Valter Jorge Schaffel

O Poeta da Saudade

Textos


A SAUDADE CRIANÇA

APRESENTAÇÃO

Este opúsculo originou-se da busca que fiz após a viagem que realizei neste ano de 2006 a Santiago, onde nasci em 1946 e ali nunca mais havia voltado. Procurava eu saber se o meu pai, quando serviu na cidade de Santiago como terceiro sargento do exército, havia jogado, na década de 40, no Riachuelo Futebol Clube.
Após alguns contatos falei com Tito Becon, pessoa que se dedica, entre outras coisas, a pesquisar a história do futebol santiaguense. Este me enviou dois livros de sua autoria, o Na Saudade Todo Mundo é Craque e Um Rastro de Estrelas. Mereci sua dedicatória e ao lê-los me despertou ainda mais o orgulho de minha terra natal.
Este trabalho foi idealizado em quadrinhas, não que me considere poeta, mas sim com o intuito de homenagear a terra onde nasci, que leva o lema “a terra dos poetas”.
Com a ajuda imprescindível da Ana, no computador, resultou este que agora está em suas mãos.
Quero felicitar e agradecer ao Tito Becon, quanto aos seus livros que, com denodo diz sobre o futebol de Santiago, mas também a forma cavalheiresca com que me indicou algumas pessoas para a minha pesquisa.

DA INFÂNCIA

As peripécias de criança
No peito ainda trago
São tantas as lembranças
Deste nascido em Santiago

Depois de meio século voltei
Com ele eu falava
O amigo encontrei
Que com quatro anos brincava

Na memória encontramos
Disse isto como prova
Apanhava eu com quatro anos
Fruta no pé de guavirova

Lembrava apenas o colégio
Localizar era meu intento
Esquecer tudo é sacrilégio
Os anos passaram como vento

DA VOLTA

Ali como gaudério
Que passa a porteira
Cheguei muito sério
Vi a cidade hospitaleira

Minha casa procuro
E quase choro
Poemas leio em um muro
Porque ali não mais moro

Após cinqüenta anos voltei
Perguntei no posto de gasolina
Foi ali que me criei
Exatamente naquela esquina

Com tenra idade
Tinha apenas sua imagem
Deixei minha cidade
Eis o motivo desta viagem

DA CIDADE

Dos poetas é seu lema
Ali colocam suas crenças
No sangue trazem o poema
Esquecem diferenças

Quando era criança
Andei em suas ruas
Me veio muita lembrança
Onde antes eram nuas

Minha cidade é grata
E quem nela conviva
Marcou o Pandeiro de Prata
Do seu filho Tulio Piva

Quando olhei tudo
Como vestido de chita
Quase fiquei mudo
Que cidade bonita

Ninguém sabe como eu
Fiquei emocionado
Visitar o seu museu
E ver o seu passado

DO TITO

Recebi pelo correio
Li com ansiedade
Seu livro manuseio
Com muita curiosidade

Dizendo de minha cidade
Recebi cá seu livro
Com muita felicidade
Do Tito amizade já privo

Sobre mim veio
Um rastro de luz
Quando agora leio
Ao passado me conduz

Lendo sua história
Não podemos esquecer
Preservou sua memória
Para outros conhecer

Por seu ardor
E com muita dedicação
Por Santiago tem amor
Nos dá muita informação

No seu livro inclui
Do Cruzeiro azul
A história do Rui
Do Pampa do Sul

DO TENENTE

Por seu apelo
Uniu o Tenente Jacques
O Cruzeiro e o Riachuelo
Todos os craques

Com sua batuta
Com brilho ilumina
Aos atletas conduta
Apenas lhes opina

Tal qual o time mineiro
Como ponta de lança
Quis ser sempre o primeiro
Para a vitória não descansa

DO FUTEBOL

De destaque no futebol
Santiago abriga um torneio
Os boleiros brilham como sol
Com o estádio cheio

Com belas maneiras
É jogada a bola
Com suas chuteiras
Fazem escola

Com esforço o guarda-metas
Defende com milagres creio
Os chutes em curvas ou retas
Ou mesmo de voleio

Um time de glória
Exige um bom goleiro
Para chegar a vitória
Um ótimo ponteiro

Com jogadas resolutas
Feias ou seletas
Vencem as disputas
Atingem suas metas

Tal qual o jogador Rato
Por nomes ou apelidos
Isto é um fato
Pela torcida são queridos

DO RIO

Quanta lembrança
Deste Rio Uruguai
Quando em criança
Nadei com meu pai

Quanto jeito inventei
Para nadar no Uruguai
Por isso vezes levei
Repreensão do meu pai

Pensei ir a nado
Achei ser logo ali
O outro lado
Preferi ficar aqui

Da sua margem
Acreditando em mim
Saltei com coragem
Sem ter medo enfim


* Escute a entrevista sobre o livreto "A Saudade Criança" no meu link "Áudios" do Recanto das Letras.



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Valter Jorge Schaffel
Enviado por Valter Jorge Schaffel em 31/08/2006
Alterado em 08/01/2007


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